Avental de Festa




Avental de Festa
Cetim preto
alt. 82 x larg. 104 cm
Doado por Maria Otília Sales Sousinha, 1975
Museu Dr. Joaquim Manso inv. 355 Etn.


Na Nazaré, o “traje de festa” é uma peça fundamental do traje feminino, exibido com orgulho. Para a altura da Páscoa, depois do tempo mais recolhido da Quaresma e da Procissão do Senhor dos Passos, as nazarenas reservavam os seus melhores aventais, muitas vezes bordados à mão pelas próprias.

Nos anos 1950-60, organizavam-se “concursos de traje” ou “concursos de avental”, sempre muito participados e com ampla projeção turística.

Ainda hoje, as mulheres que usam “saia de roda” gostam de ostentar os seus “aventais de festa” durante a Páscoa, embora o ponto manual seja cada vez mais substituído pelo trabalho à máquina.

Na sua versão de trabalho, no dia-a-dia, o avental apresenta-se com riscas e cores mais escuras. Mas, em momentos de festa, é no avental que se coloca a maior exuberância decorativa e cromática. O tecido é substituído por outro de melhor qualidade – seda ou merino fino –, e os pontos multiplicam-se. Surgem frutos, folhas de videira ou borboletas, mas mais comuns são os motivos florais, delimitando o avental ou, por vezes, preenchendo quase por completo toda a sua frente.

Segundo Abílio de Mattos e Silva (O Traje da Nazaré, ed. 1970), quanto à sua dimensão, quer de trabalho ou festa, eram em “ambos os casos bastante grandes, acompanhando a saia lateralmente e no comprimento, ou cobrindo-a ou deixando ver uma orlazinha”. À época (estudo realizado nos anos 1930), os aventais eram confecionados em duas alturas de pano inteiro. Mas, à medida que as saias foram subindo, nos anos 1950, passam de dois para um folho, de confeção mais simples.

Normalmente, o cós é uma tira que se prolonga nas fitas que o prendem atrás, em forma de grande laço, com pontas caídas e bordadas.

Este avental, oferecido ao Museu Dr. Joaquim Manso por Maria Otília Sales Sousinha, em 1975, é um modelo da primeira metade do século XX, com dois folhos iguais; o primeiro desce do cós e termina com recortes bordados largos e fundos, assim como o segundo. Por cima dos recortes, distribuem-se ramos com flores e folhas bordadas a fio de seda frouxa de várias cores a ponto matiz. As pontas das fitas são também recortadas.

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