Camisola de bacalhoeiro




Camisola
Usada na pesca do bacalhau
Lã grossa
Doada por Isaura da Justina Chicharro Milhazes, 1994
MDJM inv. 1657 Etn.


Considerando que, na Nazaré, o mês de outubro estava associado ao regresso dos bacalhoeiros e às festividades locais que celebravam este facto (Procissão e Baile de bacalhoeiros, a 5 de outubro), o Museu Dr. Joaquim Manso destaca esta camisola de lã grossa, prestando uma homenagem a todos os pescadores da Nazaré que, durante anos, "andaram ao bacalhau". 

Uma simples peça de vestuário, doada por Isaura Milhazes, filha do pescador Joaquim Bem Chicharro (natural da Nazaré) e casada com o pescador Manuel Ribeiro Milhazes (natural da Póvoa de Varzim), que agasalhava durante as longas campanhas da pesca do bacalhau, nas temperaturas gélidas da Terra Nova.
Para além desta camisola, o Museu Dr. Joaquim Manso possui no seu acervo número considerável de peças (vestuário, orientação, "artes", devoção, ...) que certificam a importância da pesca do bacalhau para muitos dos jovens pescadores da Nazaré, em meados do século XX.

Armando Boaventura, "Alternativa em Madrid"




Armando Boaventura (1890-1959)
Alternativa em Madrid, 1930
Lápis sobre papel
25,5 x 20 cm
Espólio de Dr. Joaquim Manso / oferta ao Museu pelo filho, Pedro Manso Lefèvre, 1977
MDJM inv. 62 Des.


A 8 de setembro celebra-se o Dia de Nossa Senhora da Nazaré e também do concelho da Nazaré (feriado municipal).
Como na generalidade de festividades populares em Portugal, nesta época, é tradicional a realização de touradas na Nazaré, cuja origem radica no programa que animava os peregrinos que afluíam ao Sítio, durante as já seculares Festas em Honra de Nossa Senhora da Nazaré. Há uma grande variedade de registos pictóricos de espetáculos com touros.

Independentemente dos movimentos “pró” ou “contra” as touradas, o Museu Dr. Joaquim Manso evidencia durante este mês uma obra da sua coleção alusiva a este tipo de manifestação, onde se ironiza / satiriza esta forma de espetáculo na relação com a individualidade aí representada.
A expressão pela caricatura e a visão humorística de algumas personagens e de factos sócio-políticos desenvolvem-se também como resposta a sistemas de repressão.

Esta forma de humor e de crítica lê-se no trabalho agora apresentado: “El último tércio em la fiesta de la Roza / Alternativa em Madrid / Espada Dr. Joaquim Manso / 21 junho 1930”, da autoria de Armando Boaventura.
A partir de uma figura real – Dr. Joaquim Manso (1878-1956), escritor e jornalista, fundador do jornal “Diário de Lisboa” e patrono deste Museu instalado na sua casa de veraneio na Nazaré, o artista Armando Boaventura (1890-1959) veste-o “de espada”, com “castañeta” ou “coleta”, “chaquetilla”(jaqueta), “taleguilha” (calças até abaixo do joelho”, meias, “zapatilhas” (sapatos), “montera” (chapéu) e “muleta” (pedaço de tecido vermelho que se usa como instrumento de engano, para tourear no último terço da lide).
Completa a cena uma frase jocosa sobre o lado feminino da sociedade: “Vaya por ustedes, mujeres de España”.

Armando Ferraz de Boaventura, conhecido como Armando Boaventura, nasceu em São Pedro de Vila Frescainha – Barcelos, filho do matemático Manuel Inácio e de Elvira Júlia Beleza da Costa Campelo Ferraz.
Cedo manifestou o seu talento para “a escrita” e para “os desenhos”. Por motivos políticos, exilou-se em Espanha, de onde regressou em 1921, dedicando-se ao jornalismo. Além de jornalista, foi também escritor, desenhador e pintor. Trabalhou nos jornais “A Época”, “Diário de Notícias”, “Diário da Manhã” e “Vida Rural”. 

São várias as caricaturas da autoria de Armando Boaventura existentes na coleção do Museu Dr. Joaquim Manso, referindo-se a várias personalidades da época.  Conheça mais algumas em MatrizNet.

A referência a “Fiesta de la Roza” deve relacionar-se com as festas do Ayuntamento de Las Rozas, em Madrid – “Fiestas patronales de San José Obrero de las Matas”, que incluíam sempre touradas.