Pescador do Bacalhau


© ADF/DGPC, José Pessoa

Leopoldo de Almeida (1898-1975)
Pescador do Bacalhau, 1944
Gesso patinado, alt. 68 cm
Oferta do autor, 1975
Museu Dr. Joaquim Manso inv. 19 Esc.

As longas campanhas nos navios da pesca do bacalhau marcaram gerações de homens da costa portuguesa. Decorriam sobretudo entre março e outubro, quando a chamada “Frota Branca” enchia os frios mares do Norte.

Muitos foram os pescadores da Nazaré que andaram ao bacalhau. Em busca de melhores condições de vida, e perante a incerteza da pesca local, as campanhas do bacalhau fazem parte das “histórias de vida” de muitos nazarenos.
 

As partidas e chegadas aos portos eram momentos de grande emoção, vividos entre lágrimas e sorrisos, com a presença de muitos familiares.

Esta escultura de Leopoldo de Almeida transmite-nos uma representação idealizada do Pescador do Bacalhau. Descalço, em ligeiro contraposto, com olhar cabisbaixo, como que em momento de descanso, veste camisola e calças arregaçadas, sendo o sueste que lhe cobre a cabeça o principal elemento que o associa à Faina Maior.

Produzida em 1944, período áureo desta pesca, esta escultura integra-se também na época das grandes encomendas públicas fomentadas pelo Estado Novo, para as quais Leopoldo de Almeida foi um dos principais escultores, com obras que correspondem ao programa ideológico e estético do regime e da “Política do Espírito” de António Ferro. O pescador do bacalhau é, assim, erguido a herói, numa representação dentro do ideário classicizante do autor, que escamoteia as agruras das campanhas no frio dos Bancos da Terra Nova e da Gronelândia.

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O Museu Dr. Joaquim Manso é detentor de vários objetos e documentação associada à pesca do bacalhau, doados por artistas e pela comunidade. Conheça aqui alguns desses objetos:
Sueste
Camisola
Botas
Zagaia
Creoula

Algumas expressões nazarenas relacionadas com a pesca do bacalhau:
Seca fatos de oleado 
O Bacalhau e América vai Tud' M'rrer à Faneca