Cântaro com asa





Cântaro com asa
barro
MDJM inv. 66 Cer

Na Nazaré, a tradição oleira remonta pelo menos ao século XVIII. Há registo de vários fornos construídos pela Real Casa de Nossa Senhora da Nazaré no Sítio, onde, em 1822, estavam em actividade três fornos para cal, telha e louça, orientados por um oleiro que tinha vindo de Alcobaça, o Frei João da Pena.
Entre os vários oleiros que a Nazaré conheceu, desde princípios do século XX, António Mota, e depois o seu irmão Virgílio da Mota, dirigiam uma olaria no lugar vulgarmente chamado por Casal do Mota. Em 1979, esta unidade já tinha parado a sua laboração e o edifício tinha sido posto à venda. Era feito em tijolo e estava equipado com dois fornos (o maior para chacota e o mais pequeno para vidrar a louça), com tanque para o lote do barro, bancadas, duas rodas e instrumentos diversos para o trabalho do oleiro, como os moldes e os carimbos, a gamela de acartar o barro para o tanque, a “cartilha” para decoração, a foice de ferro para amassar o barro, etc.
Antes da sua destruição em Março de 1980, o Museu recolheu um conjunto significativo destes objectos pertencentes à última olaria da Nazaré, dedicada sobretudo à produção de peças para uso doméstico e decorativo, utilizadas pelas gentes locais.

Entre estas peças, destaca-se como “Objecto do Mês” o cântaro com asa, utilizado para transporte da água. Numa época em que não havia água canalizada, as fontes públicas eram um local de encontro feminino por excelência, espaço para troca de histórias e conversas animadas, enquanto se aguardava pela sua vez. Depois, era levar os cântaros até às modestas cabanas e casas dos pescadores, assim se conservando a água fresca e limpa.