Inverno

Eurico de Castro e Silva
O Inverno, s.d.
Barro
Alt. 34,6 cm
MDJM inv. 11 esc.




Figura de carácter enigmático, bem conhecida na Nazaré, embora sejam escassos dados concretos sobre a sua biografia.
Supõe-se que o seu nome próprio seria José Janardo. Como possível proveniência são sugeridas várias regiões estremenhas ou ribatejanas, registando-se referências a Alenquer, Cartaxo, Santarém, Serro Ventoso, Vermelha (Cadaval).

Na Nazaré, muitos se lembram ainda do “Inverno” que, anualmente e durante cerca de quarenta anos, vinha regularmente a esta vila, trajando casaco largo e comprido, calças de cotim, chapéu enterrado na cabeça, botas cardadas e o seu inseparável chapéu de chuva. Chegava em Setembro, por altura das “Festas”. Magro, esquálido, de rosto encovado e melancólico, olhos escuros, fixos e perscrutadores, gastava os seus dias vagarosamente, em atitude introvertida e alheada, deambulando “p’ra norte e p’ra sul”, ou sentado nos antigos bancos outrora existentes na praça Sousa e Oliveira, abrigado pelo chapéu de chuva.
De uma maneira geral, a chegada desta figura típica coincidia com o início do mau tempo e das chuvas o que, aliado ao facto de nunca abandonar o velho chapéu de chuva, eram razões que fundamentavam a alcunha por que era identificada, sendo considerada um prenúncio do Inverno, como acontece popularmente com os amola-tesouras.

Foi representado por vários artistas, em escultura, desenho, pintura ou fotografia, existindo no acervo do Museu Dr. Joaquim Manso algumas dessas obras.

(informação recolhida através de pesquisa de campo e tradição oral)



Sem comentários:

Enviar um comentário