Canhão e balas do Forte S. Miguel Arcanjo



Em dezembro, venha descobrir outro “canhão da Nazaré”!

Proveniente do Forte de S. Miguel Arcanjo que, na ponta extrema do Promontório, ainda se ergue como secular guardião dos mares, o Museu Dr. Joaquim Manso tem em exposição um dos seus primitivos canhões, lembrando as funções militares daquele monumento, hoje tão visitado e fotografado por causa das pujantes ondas da Praia do Norte.



Canhão e respetivas balas
Ferro
Séc. XVII – XVIII
Proveniência provável do Forte de S. Miguel Arcanjo, Nazaré
Oferta de Noémia Garcia Calixto, 1981
MDJM inv. 1 a 8, 26 e 27 Div.

No século XVI, piratas e corsários (argelinos, franceses, holandeses, ingleses e espanhóis) eram uma ameaça constante à comunidade e às atividades desempenhadas na Praia da Nazaré pelos pescadores da Pederneira e do Sítio, assim como ao transporte de madeira do Pinhal do Rei, a que o inimigo poderia deitar fogo.

Segundo Saavedra Machado (2009: 9), o Forte de S. Miguel Arcanjo, ainda hoje emblemático na paisagem monumental da Nazaré, nasceu numa altura de decadência do Porto da Pederneira, primeiro núcleo populacional deste concelho, e de desguarnecimento de fortalezas da costa atlântica, durante o curto reinado do jovem Rei D. Sebastião.
Coube de facto a este monarca a iniciativa de construir um forte para proteção da costa e a escolha do local onde seria implantado, na ponta lançada ao mar do rochoso promontório do Sítio, a maior elevação da costa a dominar as operações a Norte, Sul e Oeste surgidas do Oceano Atlântico.

Em 1593, Frei Vicensio Casal expõe a planta do Forte, a primeira conhecida e considerado o projeto de edificação mais antigo, mas todavia inacabado.
Com a Restauração da Independência a 1 de dezembro de 1640, o então Capitão da Pederneira, Manuel Gomes Pereira, informou por carta o novo rei sobre o estado de situação do forte, que viria a ser concluído nesta nova fase, conforme inscrição na fachada, onde se encontra a imagem de São Miguel Arcanjo, em pedra calcária, e a legenda "El Rey Dom Joam o 4º – 1644".

Com Bernardim Ribeiro como Capitão da Pederneira, em 1595, e posteriormente, em 1639, com Gomes Pereira, o Forte de S. Miguel foi reforçado com armamento e guarnição militar. Nesta época, existiriam 6 peças de ferro coado.
O canhão que agora se evidencia terá desempenhado papel importante na defesa da linha de costa da Nazaré, sobretudo até ao século XIX.
Segundo Saavedra Machado (Machado, 2009: 45), esta “peça de artilharia foi, no século XX, desenterrada na quinta de S. Gião e, depois de estar muitos anos em coleção particular, pertence hoje ao Museu da Nazaré, bem como algumas balas rasas”.


Para além da visita ao Museu Dr. Joaquim Manso e ao Forte de S. Miguel, sugerimos a consulta do livro de João L. Saavedra Machado, “O Forte de S. Miguel Arcanjo. Monumento histórico-militar do séc. XVII”, 2009. 



Álvaro Laborinho, "A Pedra do Guilhim e o Forte", 1913. MDJM inv. 1079 Fot.


Busto de Joaquim da Rita


Fotografia: José Pessoa (DGPC/ADF)


António Paiva
"Busto de Joaquim da Rita", 1981
bronze, alt. 75 cm
Comprado por encomenda ao autor, 1981
Museu Dr. Joaquim Manso inv. 30 Esc.

Busto em bronze representando Joaquim Bernardo de Sousa Lobo, vulgarmente conhecido como "Joaquim da Rita". De barba comprida e cachimbo, enverga chapéu e farda de cabo-de-mar, ostentando no peito as várias condecorações com que foi agraciado.

Mais conhecido por "Joaquim da Rita", Joaquim Bernardo de Sousa Lobo nasceu em Lisboa, em 15 de fevereiro de 1854, e faleceu na Nazaré com 85 anos, em 21 de janeiro de 1939.

Desde cedo, manifestou grande inclinação pela vida do mar, que iniciou apenas com 14 anos, realizando a sua primeira viagem na costa portuguesa. Dois anos mais tarde, embora como moço no patacho "Fausto", rumou ao Brasil, o que fez durante 15 anos seguidos, ocupando todos os cargos de bordo, desde moço a mestre. Com esta função, num barco à vela, naufragou na costa do Rio de Janeiro, tendo sido salvo por outra embarcação.


Fixa-se, então, definitivamente na Nazaré; tornou-se pescador, participando em duas campanhas de pesca do bacalhau nos bancos da Terra Nova.

Dotado de forte personalidade, dizia sentir-se bem nas tormentas. Quando as havia era o primeiro a aparecer, demonstrando sempre grande serenidade e coragem. Deste modo, cedo granjeou grande admiração entre a classe piscatória da região, pois, de uma forma ou outra, lhe deviam ou a própria vida ou a de qualquer familiar.

Em 28 de Janeiro de 1893, foi nomeado cabo de mar da Capitania do Porto da Nazaré, cargo que manteve até 1914, chegando a ocupar simultaneamente as funções de regedor e zelador da Câmara.

Muitos foram os naufrágios em que tomou parte e, em vários, pondo em risco a própria vida, nomeadamente nos do barco das "Sabinas", na barca norueguesa "Undine" e noutras embarcações de pesca, em 1898, 1901 e 1902.

Mas foi, sobretudo, como 1º "patrão" da Barca Salva-Vidas Nossa Senhora dos Aflitos, que hoje também faz parte do acervo do Museu da Nazaré (MDJM inv. 943 Etn.), que praticou salvamentos e atos de verdadeiro heroísmo que lhe mereceram, por parte do Instituto de Socorros a Náufragos, várias condecorações (2 medalhas de ouro, 8 de prata, 5 de cobre, 1 diploma de honra). Em 28 de janeiro de 1907, na Assembleia Geral daquela instituição, a Rainha D. Amélia colocou-lhe o colar de Cavaleiro da Ordem da Torre e Espada.

 
O seu nome nome foi dado a uma rua da Nazaré.


CONSULTE informação sobre esta peça na base de dados MATRIZNET.

Camisola de bacalhoeiro




Camisola
Usada na pesca do bacalhau
Lã grossa
Doada por Isaura da Justina Chicharro Milhazes, 1994
MDJM inv. 1657 Etn.


Considerando que, na Nazaré, o mês de outubro estava associado ao regresso dos bacalhoeiros e às festividades locais que celebravam este facto (Procissão e Baile de bacalhoeiros, a 5 de outubro), o Museu Dr. Joaquim Manso destaca esta camisola de lã grossa, prestando uma homenagem a todos os pescadores da Nazaré que, durante anos, "andaram ao bacalhau". 

Uma simples peça de vestuário, doada por Isaura Milhazes, filha do pescador Joaquim Bem Chicharro (natural da Nazaré) e casada com o pescador Manuel Ribeiro Milhazes (natural da Póvoa de Varzim), que agasalhava durante as longas campanhas da pesca do bacalhau, nas temperaturas gélidas da Terra Nova.
Para além desta camisola, o Museu Dr. Joaquim Manso possui no seu acervo número considerável de peças (vestuário, orientação, "artes", devoção, ...) que certificam a importância da pesca do bacalhau para muitos dos jovens pescadores da Nazaré, em meados do século XX.

Armando Boaventura, "Alternativa em Madrid"




Armando Boaventura (1890-1959)
Alternativa em Madrid, 1930
Lápis sobre papel
25,5 x 20 cm
Espólio de Dr. Joaquim Manso / oferta ao Museu pelo filho, Pedro Manso Lefèvre, 1977
MDJM inv. 62 Des.


A 8 de setembro celebra-se o Dia de Nossa Senhora da Nazaré e também do concelho da Nazaré (feriado municipal).
Como na generalidade de festividades populares em Portugal, nesta época, é tradicional a realização de touradas na Nazaré, cuja origem radica no programa que animava os peregrinos que afluíam ao Sítio, durante as já seculares Festas em Honra de Nossa Senhora da Nazaré. Há uma grande variedade de registos pictóricos de espetáculos com touros.

Independentemente dos movimentos “pró” ou “contra” as touradas, o Museu Dr. Joaquim Manso evidencia durante este mês uma obra da sua coleção alusiva a este tipo de manifestação, onde se ironiza / satiriza esta forma de espetáculo na relação com a individualidade aí representada.
A expressão pela caricatura e a visão humorística de algumas personagens e de factos sócio-políticos desenvolvem-se também como resposta a sistemas de repressão.

Esta forma de humor e de crítica lê-se no trabalho agora apresentado: “El último tércio em la fiesta de la Roza / Alternativa em Madrid / Espada Dr. Joaquim Manso / 21 junho 1930”, da autoria de Armando Boaventura.
A partir de uma figura real – Dr. Joaquim Manso (1878-1956), escritor e jornalista, fundador do jornal “Diário de Lisboa” e patrono deste Museu instalado na sua casa de veraneio na Nazaré, o artista Armando Boaventura (1890-1959) veste-o “de espada”, com “castañeta” ou “coleta”, “chaquetilla”(jaqueta), “taleguilha” (calças até abaixo do joelho”, meias, “zapatilhas” (sapatos), “montera” (chapéu) e “muleta” (pedaço de tecido vermelho que se usa como instrumento de engano, para tourear no último terço da lide).
Completa a cena uma frase jocosa sobre o lado feminino da sociedade: “Vaya por ustedes, mujeres de España”.

Armando Ferraz de Boaventura, conhecido como Armando Boaventura, nasceu em São Pedro de Vila Frescainha – Barcelos, filho do matemático Manuel Inácio e de Elvira Júlia Beleza da Costa Campelo Ferraz.
Cedo manifestou o seu talento para “a escrita” e para “os desenhos”. Por motivos políticos, exilou-se em Espanha, de onde regressou em 1921, dedicando-se ao jornalismo. Além de jornalista, foi também escritor, desenhador e pintor. Trabalhou nos jornais “A Época”, “Diário de Notícias”, “Diário da Manhã” e “Vida Rural”. 

São várias as caricaturas da autoria de Armando Boaventura existentes na coleção do Museu Dr. Joaquim Manso, referindo-se a várias personalidades da época.  Conheça mais algumas em MatrizNet.

A referência a “Fiesta de la Roza” deve relacionar-se com as festas do Ayuntamento de Las Rozas, em Madrid – “Fiestas patronales de San José Obrero de las Matas”, que incluíam sempre touradas.

Nazaré – vista lado Norte, 1914



Álvaro Laborinho
Nazaré – vista lado Norte, 1914
MDJM inv. 1190 Fot.


Álvaro Laborinho (1879-1970) cedo se cativou pela imagem, pela intensidade das cores que aprisionava num pequeno pedaço de papel. E, inconscientemente, no fervor da sua paixão, deixou-nos o legado de um registo detalhado da evolução da vila da Nazaré e, acima disso, retratou as suas gentes. Sob a sua óptica de fotógrafo traçou realidades, aprisionou histórias, acabou por pincelar como um artista de tela um elemento dominador, o mar. O seu trabalho fotográfico amplia e forja em nós uma visão mais justa e concreta da vida que a população nazarena tinha no passado, em cada imagem verifica-se verdadeiros testemunhos de cada existência transitória.

Porém, é primordial, para compreender e dar um certo ênfase, que observar e admirar uma só fotografia de Álvaro Laborinho é perder a visão de um todo. Mas, contemplar apenas uma fotografia, individualmente, compreende-se nessa imagem um instante para sempre eterno, repleto de intensos significados, alguns sobrevivem até hoje.

O seu trabalho, despoletado pelo início da fotografia, recria como num desfile andante a atmosfera vivida, expõe as suas cores, oferece uma ideia muito precisa das fachadas dos chalés, quiçá reporta-nos para esta época e dá-nos uma visão panorâmica da opulência, do requinte vitoriano dos chalés que surgem em 1913, chalés que acabam por aprimorar a imagem a Norte de toda arquitetura construída ao abrigo do promontório.

Contudo, estes edifícios transmitem uma pálida importância daquilo que outrora já representaram para a Nazaré, herança que atualmente a população nazarena, como que tolhida num torpor, deixa mortificar, sem a mínima preocupação, como se fossem construídos num estilo “romântico” e impera-se a ideia de morte anunciada.

Nesta imagem de Álvaro Laborinho surgem também alguns vultos de mulheres, sem rosto, sem proximidade, as quais retratam esta classe social da população piscatória, enegrecidas, quase que patenteia o sofrimento, a contínua espera.

Assim, abordando a fotografia, reporta-nos para uma época de vida árdua, de intensa azáfama que decorria nesta vila piscatória, mas destaca o fim de um costume, o qual modifica a ornamentação quotidiana da vila piscatória. A visão rústica das embarcações na areia, tal como monstros marinhos adormecidos, eram proibidas a Norte da praia durante o Verão e podem finalmente usufruir de um porto de abrigo, ganho obtido nos anos 1980, após tantas vicissitudes da vida no mar.

A fotografia salienta também o início de uma nova era, da chegada dos veraneantes de Santarém e Tomar, uma passagem que para sempre se torna assídua por tomarem gosto à Nazaré e pelas propriedades curativas do mar. A importância que os turistas começam a ter na economia das famílias desta terra é fulcral e a sua vinda tem tido continuidade nas novas gerações. Uma relação extremamente profícua, a qual foi sendo incrementada de forma mais sólida e permite debruçar-nos sobre este importante registo de Álvaro Laborinho e compreender o nascimento do turismo na Nazaré e os efeitos colaterais, que estão ainda bem vincados.

As suas nazarenas com as suas saias, os pescadores na pesca e os banheiros e as suas famílias foram os stakeholders pioneiros, todos eles de uma forma ou outra contribuíram positivamente para compor esta imagem pitoresca da Nazaré, fresca e colorida, uma imagem que deixou muitos inebriados e cativos pela beleza desta terra. 


Anabela Ferreira
Estagiária no Museu Dr. Joaquim Manso
Curso Turismo Ambiental e Rural do CENCAL – Alcobaça 



(+ informação sobre esta fotografia na MatrizNet)

Barco de Arte Xávega “Virgem da Nazaré”




Embarcação de Arte Xávega “Virgem da Nazaré”
Tipo de pesca: Pesca local com rede de arte xávega
Autor: calafate António Luís Júnior, 1984
Miniatura (escala 1/2,5): alt- 104xlar. 96,5 x comp. 191; boca 86 cm, pontal 32,5 cm
Madeira. Cores: vermelho, branco, azul e preto
MDJM inv. 1090 Etn.



Miniatura de embarcação tradicional da Nazaré, com remate da proa em forma de bico elevado e pontiagudo, popa de painel ou cortada, fundo chato. Sobre retângulo preto, a letras brancas, o número de matrícula "N943C". Na ré, a letras pretas, a denominação do barco "Virgem da Nazaré".

O registo do original desta embarcação data de 1924, vindo a ser abatida em 21 de abril de 1938. Tem as cores de Alberto Murraças Remeloso (vulgo "Alberto da Cochela") que, após a morte do filho, passou a ser preto e branco.
Essa embarcação original teria as seguintes dimensões: comp. 460 cm; boca 244 cm; pontal 89 cm; ton. bruta 2,497t.
Navegava a remos e tinha de lotação máxima 7 e mínima 3 tripulantes.

A pesca com rede de arte xávega foi um dos mais antigos e característicos processos de pesca artesanal que, durante anos, sobretudo na primavera e no verão, marcou a atividade piscatória na Nazaré.
Os elementos essenciais a este tipo de pesca incluíam a embarcação própria, cuja proa em bico elevado facilitava a entrada na ondulação; a rede; a companha; os “lances” ou “lanços” e o alar da rede.
A rede era transportada pela embarcação e colocada no mar nos vários “lances” (efetuados em “mares” bem conhecidos dos pescadores e por eles próprios definidos a partir dos enfiamentos dos “sinais de terra” e “de mar”). Hora e meia depois, iniciava-se o “alar da rede” - duas filas de homens e mulheres puxavam as cordas e arrastavam o “saco” pela areia acima.
Em “xalavares” ou “lavadeiras”, o peixe era depois transportado para a lota que, até aos anos 1950, se localizou na própria praia.

Hoje, este tipo de “pesca de arrasto” já não se realiza na Nazaré, embora se continue a praticar em algumas poucas praias da costa portuguesa (Vieira, Mira, Costa da Caparica,...), com especificidades que variam de região para região. 


Algumas fotografias ilustrativas deste tipo de pesca na Nazaré podem ser consultadas em MatrizNet.

Álvaro Laborinho. MDJM inv. 1690 Fot.
 
MDJM inv. 86 BPI

"Na praia de banhos...", 1915


Álvaro Laborinho
"Na praia de banhos, uma barraca e crianças", 1915
MDJM inv. 1308 Fot.



Junho é o Mês do Dia Mundial da Criança!
Junho é o Mês do início das Férias Escolares, das grandes Férias de Verão!
Junho é o Mês do início do Verão!
Junho é o Mês dos dias grandes, de sol,... que convidam a ir para a praia!
Junho é o Mês em que na Nazaré se "sorteiam" e distribuem as "barracas" dos "banheiros", para acolher os veraneantes!

Junho é o Mês em que destacamos a Nazaré como Praia de Banhos através desta fotografia centenária de Álvaro Laborinho.

Uma imagem que nos traz a Nazaré de 1915, quando esta praia piscatória começa também a ser conhecida como destino turístico, aliado ao veraneio.

Descobriam-se, então, os benefícios dos "banhos de mar", que atraíam ao litoral um crescente número de "banhistas".
Com esta nova moda, surgem os fatos-de-banho (à época, verdadeiros fatos, cobrindo a totalidade do corpo); vem a exigência de novas estruturas de divertimento, recreio e alojamento para estes veraneantes que, durante 2 ou 4 meses, alteravam por completo o ritmo de um espaço que, durante o inverno, apenas era ocupado pelos pescadores e embarcações.

A praia assumia nova organização! Ao Norte, protegidas pelo Promontório, zona mais acolhedora e protegida de ventos, ficavam as barracas das famílias mais abastadas e dos "banhos de sol"; a seguir, os "toldos gerais". Remetidos para Sul, os pescadores e a sua faina diária de embarcações e artes de pesca. 

De manhã cedo, era o tempo animado da "hora do banho", dos "mergulhos" com a ajuda dos banheiros. Depois de almoço, já vestidos com "roupa da tarde", regressava-se à praia para conversar, ler, jogar às cartas ou as simples brincadeiras infantis. Noutras tardes, passeava-se até ao São Brás, à Pedralva ou à Praia do Norte, entre outros locais.

Ainda hoje, na Nazaré, se vive o inverno esperando o verão!
O inverno é a beleza natural da força do mar, a correria das Grandes Ondas. Mas, o verão é a Nazaré do mar calmo que convida aos mergulhos, do colorido dos chapéus e barracas que cobrem o extenso areal, das brincadeiras de praia, do cheiro a peixe assado nas ruas, das esplanadas animadas, dos barcos do candil ao pôr-do-sol...

Diga lá se não lhe apetece vir à Nazaré nestas férias de Verão?! Estamos à sua espera...


Saiba + sobre a Nazaré Praia de Banhos no nosso catálogo (aqui).
Saiba + sobre esta fotografia no MatrizNet (aqui).

Guilherme Filipe, "Mulher da Praia"



Guilherme Filipe (1897-1971)
Mulher da Praia, s.d.
Óleo sobre tela
MDJM 63 Pint.

Pintor considerado por Tomás Ribas como o “pintor das paisagens e gentes da Nazaré” (1959).

Desde novo, Guilherme Filipe manifestou a sua vocação para a pintura. Aluno da Escola de Belas-Artes de Lisboa, frequenta também cursos livres na SNBA e os ateliers de Malhoa e Conceição Silva.
Após uma permanência de seis anos em Madrid, instala-se em Coimbra. O poeta Eugénio de Castro proporciona-lhe um atelier na Faculdade de Letras e, em 1923, realiza a primeira exposição individual, mudando-se mais tarde para Lisboa.

A sua relação com a Nazaré intensifica-se em meados dos anos 1930, aqui permanecendo vários anos, colhendo os motivos das suas pinturas relacionadas com a labuta diária desta vila piscatória. Relaciona-se com outros artistas e intelectuais que frequentavam a Nazaré, integrando a comissão organizadora da primeira Festa do Mar (setembro 1939).

Sonhando com “uma galeria de arte, onde pintores vindos de fora, de toda a parte, encontrariam abrigo e um local amplo e adequado às exposições das suas obras” (Borges Garcia, O Museu da Nazaré, 1976), Guilherme Filipe foi um elemento ativo na organização de um Museu da Nazaré, integrando o seu primeiro “Grupo de Amigos” (1969).

São várias as obras deste autor que integram a coleção do Museu Dr. Joaquim Manso.

Irene Natividade, "Alando a Rede"



Irene Natividade (1900-1995)
Alando a rede, 1957
Óleo sobre tela
alt. 72 cm x larg. 96,5 cm
MDJM inv. 42 Pint.

Pintura representando o pormenor de uma cena da faina piscatória, nomeadamente um grupo de homens e mulheres, em grande esforço, puxando a rede do mar para terra.

Em tempo de Páscoa, lembrando uma época em que, na Nazaré, se recriava a arte xávega, destacamos a pintura de Irene Natividade sobre o alar da rede, datada de 1957, período em que a artista, casada com Joaquim Vieira Natividade, de Alcobaça, vinha passar dias à Nazaré, deixando uma obra significativa, a óleo e aguarela, sobre as suas gentes e atividades piscatórias. 

Em 1976, o Museu Dr. Joaquim Manso abre ao público com uma exposição de Irene Natividade, de temática exclusivamente nazarena, oferecida pela autora a esta instituição.

Pode ver outra obra da artista na exposição "Outras Artes. Coleção de Arte do Museu Dr. Joaquim Manso", em exibição no Centro Cultural da Nazaré.

Barcos em festa


António Vitorino Laranjo (1888-980)
Barcos em festa, 1952
Guache
MDJM inv. 67 Pint.


Sobre cartolina preta, proas erguidas e entrelaçadas sugerem como o mar também pode ser uma festa.

António Vitorino Laranjo nasceu na Nazaré e, ao longo da sua vida, foi funcionário municipal, dedicando grande parte do seu tempo à arte.

Artista popular, poeta e pintor auto-didacta, deixou vários poemas, incluindo letras de algumas canções.

Pinturas e desenhos, a tinta-da-china, lápis e outros, são formas de expressão plástica que representam um olhar atento sobre a realidade da paisagem, das cores e da luz da Nazaré, e retratam o Mar e o seu movimento, o trabalho, o divertimento – uma visão da sua Nazaré.


Marcha de Carnaval Salão Mar-Alto 1969


Marcha do Salão Mar-Alto
Carnaval 1969
Letra A. Vitorino Laranjo
Museu Dr. Joaquim Manso inv. 329/94 Doc.


O Carnaval nazareno não se explica, sente-se…
Está no sangue dos nazarenos e, por isso, se distingue dos restantes, pela intensidade e espontaneidade com que é vivido.

Começa cedo!
A animação passa pelos BAILES, sejam eles de rua ou nas tradicionais “salas” (das coletividades). Os festejos iniciam-se com os famosos bailes de máscaras quatro semanas antes do Carnaval. Este ano, 2015, realizam-se nas seguintes datas:

17 janeiro, na Associação Recreativa Planalto
24 janeiro, na Associação Recreativa Pederneirense
31 janeiro, no Círculo Cultural Mar-Alto
7 fevereiro, no Casino Salão de Festas

Os bailes de máscaras são apenas um pretexto para antecipar esta festa que é o Carnaval, onde multidões de “ensaiados” (mascarados) se juntam para dançar e saltar e onde há também prémios para as melhores máscaras.
A alegria também vem à rua com vários bailes na Praça Sousa Oliveira aos domingos (dias 1 e 8 de Fevereiro, em 2015).

A 3 de fevereiro, cumpre-se a tradição da Romaria ao Monte de São Brás. Todos “ensaiados”, os nazarenos juntam-se para um piquenique e, à tarde, há também um baile, no sopé do monte, onde são apresentados os Reis de Carnaval (normalmente nazarenos). É esta data que marca o “arranque” oficial do Carnaval na Nazaré.

No sábado magro, desfilam pelas ruas os grupos femininos das Trotinetas, Tenantas e Alberqueiras, o grupo masculino mais antigo “Os Bicicletas” e um grupo misto “Os SaKanagem”.

Nos quatro dias de Carnaval (sábado, domingo, segunda e terça-feira), são realizados vários desfiles pela Marginal, com Grupos Carnavalescos e Carros Alegóricos, que saem à rua para mostrar a sua alegria. No domingo Gordo, “acorda-se” ao som de várias bandas infernais, que vão pelas ruas espalhando algazarra com tampas de panela e instrumentos diversos.
Durante este período, decorrem bailes noturnos nas várias salas, sempre muito concorridos. Estes duram até de manhã, sempre ao som de Marchas do Carnaval Nazareno – músicas e letras feitas exclusivamente para o Carnaval, por autores nazarenos e tocadas por bandas locais e que vão sendo apresentadas previamente, desde janeiro.



Sala de Baile do Casino, anos 1980


Os bailes são, assim, uma tradição deste Carnaval espontâneo e trapalhão. Cada sala e cada grupo tem a sua própria marcha, cuja letra gira em torno de um mote anual escolhido pelos grupos de Carnaval. Este ano, o mote é Carnaval 2015 “Largarem Barques e Remes”, uma expressão nazarena que se aplica em relação a alguém que tudo largou ou abandonou, que desistiu.

Este mês, em “jeito de festa”, o Museu Dr. Joaquim Manso destaca a Marcha do Salão Mar-Alto, do Carnaval de 1969, com letra de António Victorino Laranjo.

Quem ainda se recorda desta Marcha?

Puxando as redes
















Henrique Moreira (1890-1979)
Puxando as redes, 1946
ass. e datado: H. Moreira, 1946
Bronze
Museu Dr. Joaquim Manso inv. 6 Esc.

Grupo escultórico composto por três pescadores, descalços e de barrete, mangas e ceroulas arregaçadas, curvando-se vigorosamente no esforço de alar a rede, descrevendo uma diagonal.

Esta representação de uma das componentes da faina de pesca tradicional da Nazaré revela bem a dureza da vida dos pescadores, que tão retratada foi por vários artistas, escritores, dramaturgos, fotógrafos e cineastas, que se deixaram seduzir pela particularidade dos costumes locais.

Henrique Moreira foi um dos iniciais "Amigos do Museu" e a ele se deve a oferta, em 22 de maio 1975, de 3 bronzes da sua autoria: “Tragédia marítima”, “Pescador cosendo a rede” e “Puxando as redes” (MDJM inv. 4, 5 e 6 Esc.)

Esta peça foi centro de interesse da atividade “Pintura às cegas”, da iniciativa “Todos ao Museu”, que assinalou o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, a 3 de dezembro de 2014 (ler mais aqui).

Consulte mais sobre esta escultura em MatrizNet (clique aqui).