Marcha de Carnaval de 1978 do “Salão Mar-Alto”
Letra de Américo Matias e João H. Pires
Música de Aníbal Freire
MDJM
Uma das valências do Carnaval nazareno assenta no aspecto musical. As “marchas” são disso exemplo e, por vezes, em tom jocoso, referem vários aspectos da vida social local.
A letra desta marcha evoca a celebração de S. Brás a 3 de Fevereiro que, na Nazaré, tem lugar no monte do mesmo nome e, independentemente de calendários, é um prenúncio do tempo de Carnaval que se aproxima.
A devoção popular inclui uma romaria onde aparecem os primeiros “ensaiados” (mascarados). Tempos houve em que, na pequena ermida, além do São Brás, se venerava Nossa Senhora das Candeias (celebrada a 2 de Fevereiro) e São Bartolomeu (outra designação nazarena para o mesmo monte, onde, segundo a lenda, Rodrigo - o último rei dos Visigodos - se refugiara depois de ter escondido a imagem de Nossa Senhora da Nazaré numa gruta no Sítio).
É uma obrigação subir ao monte, fazer as preces e oferendas na capela. Entre elas, há referências a uma telha, como pedido de casamento das raparigas solteiras ou, posteriormente, como simples contributo para o melhoramento do telhado do edifício.
Depois, no pinhal em redor do monte, é tempo de folia. Entre fogueiras, preparam-se as “sardinhas salgadas, chouriços e morcelas assadas”, sempre tudo muito bem acompanhado de bastante vinho.
Produtos característicos deste dia eram e continuam a ser “frutos secos”, pinhões, passas, tremoços, pevides e “passarolas” …
Esta vivência de folia é animada por cantigas e danças, onde não faltam os grupos “ensaiados”, com a sua irreverência e espontaneidade. Este “ritual” foi-se modernizando e acrescentando outros pormenores de diversão, como música “ao vivo” e apresentação dos “reis de Carnaval”.
Em exposição, a letra desta marcha é acompanhada por fotografias da colecção do Museu Dr. Joaquim Manso e fotografias cedidas por Nazaré Ova, que permitem ilustrar as festas de São Brás nos anos 1960 e na actualidade. As fotografias são comentadas através de entrevistas realizadas a Nazaré Ova e à sua filha, Polcínia Ova, rainha do Carnaval da Nazaré 2010.
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