"Lâmina" de Nossa Senhora da Nazaré
Lâmina de Nossa Senhora da Nazaré
Nazaré, meados do séc. XX
MDJM inv. 1276 Etn.
O culto a Nossa Senhora da Nazaré cedo originou trabalhos populares que simultaneamente cumpriam uma função votiva e recordação da vinda do peregrino ao Santuário localizado no Sítio.
Entre os “bens de salvação, de protecção dos devotos e de memorização do culto” (Pedro Penteado, 1998), encontramos as populares “lâminas”, “lâmedas” ou “chapas”, onde o colorido da decoração naïf se alia ao sagrado. Por norma são de pequena dimensão, pequenos quadros rectangulares prontos a serem pendurados na parede ou em pequeno oratório.
São compostas por uma gravura (“registo de santo” do Milagre de Nossa Senhora da Nazaré a D. Fuas Roupinho), envolta por pormenores florais ou outros elementos alusivos ao mar e à pesca, pintados a anilina ou realizados com colagens de papéis coloridos e tecido. Protege a composição, uma “caixa de vidro” com moldura mais ou menos elaborada ou um simples vidro delimitado por filete colorido.
Na primeira metade do século XX eram vários os “santeiros” que se dedicavam a este trabalho, chegando à memória os nomes de Rufina, Nazaré do Piló, mãe e filhas Diva, Laura e Isabel Pequicho, as irmãs Donatila e Josefina Teixeira, os irmãos Soledade, José Maria e Irene Pequicho, o casal Damião e Maria da Praia e o casal Fernando Peixoto e Virgínia Teixeira Peixoto. Vendiam as “lâminas” sobretudo durante as Festas de Nossa Senhora da Nazaré (8 de Setembro), montando as suas tendas junto ao Santuário. Noutras alturas do ano, era frequente venderem em Fátima, Bombarral, Peniche (Festas de Nossa Senhora dos Remédios), entre outros locais.
A partir dos anos 1950, com o crescimento da venda das “bonecas” artesanais, a produção das “lâminas” foi diminuindo significativamente até ao seu total desaparecimento.
O Museu Dr. Joaquim Manso possui uma colecção significativa destes trabalhos populares que, pela sua fragilidade, estão habitualmente em reserva. Durante o mês de Setembro – mês das “Festas” – parte da colecção está patente ao público como “Objecto do Mês”.
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