Recanto da Nazaré, 1925
Óleo sobre tela
MDJM inv. 68 Pint.
A pintura ilustra um recanto urbano da Nazaré, através do pincel da filha do célebre aguarelista Alfredo Roque Gameiro. Além do Promontório, observa-se o “paredão” e um conjunto arquitectónico típico, junto da Igreja de Santo António. Algumas figuras humanas completam o quadro, movimentando-se pela rua ou representando costumes tradicionais como o sentar-se nos “arrebates” (soleiras) da porta.
A particularidade destas pinturas de início do século XX reside no seu aspecto documental, escolhendo vivências ou contextos paisagísticos entretanto alterados. Mas, ao seu valor temático, alia-se o facto da Nazaré ter constituído motivo de atracção para uma vasta comunidade artística, que aqui pôde desenvolver os seus gostos e experimentar técnicas, umas de registo mais naturalista e ingénuo, outras mais críticas ou modernistas.
Mamia Roque Gameiro (Amadora, 1901 – Lisboa, 1996), de seu nome Maria Emília Roque Gameiro, nasceu na Amadora, numa família ligada à arte.
Filha do aguarelista Alfredo Roque Gameiro (Minde, 1864 - Lisboa, 1935), Mamia seguiu as pisadas do pai, tal como os restantes irmãos, embora cada um tenha definindo um percurso individual.
Estudou com a pintora Mily Possoz (1888-1967) e trabalhou a aguarela, guache e óleo. A Nazaré foi um dos seus temas, comprovando a importância desta vila piscatória como cenário de inspiração para os artistas portugueses e estrangeiros.
Em 1919, expôs na Sociedade Nacional de Belas-Artes e, em 1923, realizou a sua primeira exposição individual. Distinguiu-se também como ilustradora de livros infantis e de publicações periódicas.
É de realçar o seu trabalho como miniaturista, nomeadamente nas representações de histologia, no IPO, entre 1935 e 1940.
Casou com o pintor Jaime Martins Barata (1899-1970), em 1926.