Prece na Praia

Irene Natividade (1900-1995)
Prece na Praia, 1958
Desenho a lápis
MDJM inv. 23 Des.





Desenho representando o pormenor de uma mulher da Nazaré em atitude de prece. Testemunha a constante ansiedade vivida pelas mulheres desta vila de pescadores, onde o mar tanto dá trabalho e vida, como é fonte de dor e de morte. Perante a fúria dos temporais, quando os naufrágios se pressentiam, estes vultos embuçados nas suas capas negras permaneciam sentados na Praia, inabaláveis, ao frio e à chuva, olhando o mar, aguardando que ele lhes devolvesse a salvo o marido ou os filhos, orando para que a tragédia não passasse de uma sofrida ameaça.

Irene Natividade captou amiúde os momentos da vida nazarena, deixando uma obra vasta, que em parte ofereceu ao Museu Dr. Joaquim Manso, no momento da sua inauguração em 1976.

A artista nasceu no Porto, em 1900, mas desde cedo viveu em Alcobaça. Aqui, conheceu e casou com Joaquim Vieira Natividade, homem de vulto no domínio da Agronomia e da Silvicultura. Tal como o seu marido, Irene Natividade sempre manifestou interesse pela Artes e pelo Património, desenvolvendo um intenso convívio com escritores como Afonso Lopes Vieira e artistas como Alberto de Sousa e Sousa Lopes. A sua actividade artística estendeu-se pela pintura, a tapeçaria e, a partir de 1925, pela pintura em faiança. A temática da Nazaré não podia deixar de fazer parte do seu repertório, quer pela proximidade geográfica, quer pelas potencialidades estéticas desta comunidade costeira.

Cabeça de pescador

Irene Natividade (1900-1995)
Cabeça de pescador, 1957
Desenho a lápis
MDJM inv. 24 Des.




Depois de vários meses dedicados aos objectos da faina marítima, o Museu destaca em Novembro as próprias gentes, na individualidade dos seus rostos.
Este desenho representa o pormenor de uma cabeça de pescador da Nazaré, envergando o seu barrete característico. Trata-se possivelmente de um simples apontamento captado a partir do natural ou de um estudo para obra posterior a aguarela ou óleo.

Irene Natividade captou amiúde os momentos da vida nazarena, deixando uma obra vasta, que em parte ofereceu ao Museu Dr. Joaquim Manso, no momento da sua inauguração em 1976.
A artista nasceu no Porto, em 28 de Novembro de 1900, mas desde cedo viveu em Alcobaça. Aqui, conheceu e casou com Joaquim Vieira Natividade, homem de vulto no domínio da Agronomia e da Silvicultura. Tal como o seu marido, Irene Natividade sempre manifestou interesse pela Artes e pelo Património, desenvolvendo um intenso convívio com escritores como Afonso Lopes Vieira e artistas como Alberto de Sousa e Sousa Lopes. A sua actividade artística estendeu-se pela pintura, a tapeçaria e, a partir de 1925, pela pintura em faiança. A temática da Nazaré não podia deixar de fazer parte do seu repertório, quer pela proximidade geográfica, quer pelas potencialidades estéticas desta comunidade costeira.

De facto, este pequeno desenho testemunha a atenção que a Nazaré despertou entre o meio artístico nacional, e mesmo internacional, em meados do século XX.
Nos anos 1950, no início da discussão sobre a necessidade de um museu para a Nazaré, os seus mentores chegaram a propor a construção de um edifício que contemplasse uma residência para os inúmeros artistas que visitavam e permaneciam na vila piscatória, inspirados pelas suas vivências singulares e pitorescas.
Desde as pinturas de grupo, com cenas coloridas do quotidiano na Praia, até pequenos desenhos a lápis, em que o traço e a mancha negra centram a atenção na expressão do rosto dos indivíduos, Irene Natividade foi um desses criadores, que em muito enriquecem a colecção de arte deste Museu.

Sueste

Sueste
Oleado
Oferta de Isaura Milhazes
MDJM inv. 253 Etn.





Chapéu usado pelos bacalhoeiros nas longas campanhas que decorriam entre Março e Outubro. Era feito de pano-cru embebido em óleo de linhaça, o que lhe conferia alguma impermeabilização.

Para a nova campanha, o areal da praia da Nazaré “vestia-se” de roupa dos bacalhoeiros que aí era preparada pelos próprios pescadores. As peças de vestuário, confeccionadas em pano-cru por costureiras, eram embebidas em óleo de linhaça com uma trincha. Depois, ficavam penduradas, ao sol, em estruturas formadas por recoveiras e varolas fixadas na própria areia.
Os bacalhoeiros do Sítio ocupavam um espaço denominado “os eucaliptos da D. Riquêta” (Henriqueta), actualmente “Rua da Serração”.
O mesmo processo era usado nas velas dos dóris, confeccionadas pelos próprios pescadores. O longo tempo necessário à secagem deste vestuário deu origem à expressão típica desta localidade “Seca fatos de oleado”, que se utiliza quando se quer indicar que determinada pessoa é muito “maçadora.”

No fim da campanha, em Outubro, a vila da Nazaré enchia-se de alegria com o regresso dos seus familiares e organizavam-se festas e celebrações que lhe eram dedicadas: procissões, bailes (5 de Outubro), touradas, …

Nos tempos mais recentes, os fatos de oleado passaram a ser confeccionados com tecido sintético, abandonando a técnica tradicional e a utilização do óleo de linhaça.

Menino Jesus dos Toureiros

Menino Jesus dos Toureiros
Madeira policromada
Séc. XIX /XX
Adquirido por liquidação de herança de Tito Calixto, 1991
MDJM inv. 42 Esc.


Curiosa representação escultórica do Menino Jesus vestido de toureiro, relembrando a ligação entre a “festa brava” e a protecção religiosa dos seus protagonistas. Pertencia a Tito Calixto, administrador da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré e verdadeiro “aficionado”, um empenhado coleccionador de publicações e objectos de vertente tauromáquica.

Esta escultura integrou o Museu Dr. Joaquim Manso em 1991, no âmbito da herança do seu proprietário, e encontra-se exposta durante o mês de Setembro, integrada na exposição temporária “Touradas da Nazaré em cartaz: um Percurso pelo Arquivo Histórico”.

Gamela de Banheiro





Gamela de banheiro
madeira
Oferta de Judite Branca Rosa
MDJM 1191 Etn.


Pequeno recipiente em madeira que, nos princípios do século XX, era utilizado pelos banheiros da praia da Nazaré para proporcionarem aos turistas o lavar dos pés após o banho no mar.

Integra esta apresentação do “Objecto do mês” de Agosto um banco de banheiro, emprestado por Agostinho Chalabardo Codinha.

Também as crianças do Baby’s Health Club, das Caldas da Rainha, se debruçaram sobre a temática das Praias, durante as suas actividades de férias. Na recepção do Museu apresenta-se o seu criativo trabalho, realizado com materiais variados, onde se faz a distinção entre uma Praia Poluída e uma Praia Limpa.
Uma forma dos mais novos chamarem a atenção de todos os veraneantes da Praia da Nazaré para os cuidados a ter com a sua preservação e respeito pela qualidade ambiental.


“…A vida da praia principia então. Toda a gente se conhece, toda a gente se falla, toda a gente ri, salta na areia, corre em bandos para o mar, e forma de mãos dadas uma larga linha… em que as ondas são atiradores! (…)
Ao retirar do mar, não se ouve pelas barracas senão a pergunta perdida:
- Quantos mergulhos tomou?
- Três!
- Que cobarde!
- Sete!
- Que valente!
- Doze!
- Que heroe!
Duas horas depois, as barracas desarmam-se; e sahe aquela areia em que mil pés delicados se agitaram, estendem-se canastras, e canastras, celhas e celhas com peixe que os pescadores conduzem. É ali mesmo o mercado e à hora em que expira o império dos banhistas principia o reinado das corvinas e fataças!..”.

Júlio César Machado in O povo da Nazareth (1860)

Cântaro com asa





Cântaro com asa
barro
MDJM inv. 66 Cer

Na Nazaré, a tradição oleira remonta pelo menos ao século XVIII. Há registo de vários fornos construídos pela Real Casa de Nossa Senhora da Nazaré no Sítio, onde, em 1822, estavam em actividade três fornos para cal, telha e louça, orientados por um oleiro que tinha vindo de Alcobaça, o Frei João da Pena.
Entre os vários oleiros que a Nazaré conheceu, desde princípios do século XX, António Mota, e depois o seu irmão Virgílio da Mota, dirigiam uma olaria no lugar vulgarmente chamado por Casal do Mota. Em 1979, esta unidade já tinha parado a sua laboração e o edifício tinha sido posto à venda. Era feito em tijolo e estava equipado com dois fornos (o maior para chacota e o mais pequeno para vidrar a louça), com tanque para o lote do barro, bancadas, duas rodas e instrumentos diversos para o trabalho do oleiro, como os moldes e os carimbos, a gamela de acartar o barro para o tanque, a “cartilha” para decoração, a foice de ferro para amassar o barro, etc.
Antes da sua destruição em Março de 1980, o Museu recolheu um conjunto significativo destes objectos pertencentes à última olaria da Nazaré, dedicada sobretudo à produção de peças para uso doméstico e decorativo, utilizadas pelas gentes locais.

Entre estas peças, destaca-se como “Objecto do Mês” o cântaro com asa, utilizado para transporte da água. Numa época em que não havia água canalizada, as fontes públicas eram um local de encontro feminino por excelência, espaço para troca de histórias e conversas animadas, enquanto se aguardava pela sua vez. Depois, era levar os cântaros até às modestas cabanas e casas dos pescadores, assim se conservando a água fresca e limpa.

Barco do Candil

“Na tarde serena de céu cor-de-rosa os barcos do candil, parados sobre as águas imóveis, acendiam os primeiros fachos, que mal se distinguiam na meia-luz do fim do dia. Eram estrelas amarelas sobre a água, donde subiam colunas de fumo grosso. Já brilhava o farol na ponta do cabo. As luzes dos barcos, como estrelas de oiro, tremeluziam na água, que se tornara escura e profunda.”

Branquinho da Fonseca, Mar Santo (1971)

Barco do Candil "Amor da Beira-Mar"
Tipo de pesca: pesca local de candil com rede de cerco
Embarcação de candil adaptada com armação no painel de popa e ferro para colocar motor de borda fora. A embarcação original pertenceu a Tomé Limpinho da Purificação e Tomé Miguel Limpinho, da Nazaré.
Miniatura
MDJM inv. 1169 Etn


Lancha do Candil "Isabel Lisa Marc"
Tipo de Pesca: Auxiliar do Barco de Candil, na tarefa de colocar a rede e o engodo e projectar a luz na água. A embarcação original pertenceu a António de Jesus Lourenço.
Miniatura
MDJM inv. 1107 Etn

A Pesca do candil pratica-se de noite, com uma candeia perto da água e recurso à rede de cerco. A luz atrai o peixe à superfície; ao ficar encadeado, pode ser mais facilmente apanhado pelo pescador.