Primeira Comissão Republicana da Nazaré, 1907

Álvaro Laborinho (1879-1970)
Grupo da Primeira Comissão Municipal Republicana da Nazaré, 1907
MDJM inv. 915 Fot.



Em momento de celebração do Centenário da Implantação da República, o Museu Dr. Joaquim Manso evoca esta época revolucionária na Nazaré.
Ainda durante a Monarquia, várias figuras da Nazaré aderiram ao crescente movimento republicano, desenvolvendo numerosas acções no sentido da divulgação dos novos ideais e da possível implantação da República.
Fizeram-se os primeiros comícios e conferências, trazendo à localidade alguns nomes que ainda perduram na memória colectiva, como Ramada Curto, conhecido advogado, Pires de Campos, Afonso Ferreira, Lopes Pelago e o general Estrela de Leiria.
Dos locais distinguiram-se, entre outros, António Gomes Ascenso, presidente da Comissão Republicana da Nazaré, José Pedro, Álvaro Laborinho, Joaquim Brilhante, Albertino Victorino Laranjo e Teixeira Freire.
A Comissão Administrativa em 1912 era composta por João Duarte Vieira, farmacêutico; Manuel Ferreira Canadas, comerciante; Joaquim Baptista Laranjo; comerciante; Fortunato da Silva Pimpão; comerciante; Armando Laborinho, comerciante e João de Sousa Júnior, também comerciante.

A primeira bandeira republicana na Nazaré regista-se em Dezembro de 1910, por iniciativa e oferta de Alfredo Santos, sócio da fábrica de conservas “Alfredo Santos & Bravo”. A cerimónia teve lugar na própria fábrica, onde foi içada a nova bandeira portuguesa, verde e rubra.

Após insistentes pedidos aos órgãos de governo competentes e que remontam ainda ao tempo da Monarquia, em 1912, por decreto de Manuel de Arriaga, o concelho da Pederneira passa a denominar-se “concelho da Nazaré”. Manuel de Arriaga (1840-1917) foi Presidente da República Portuguesa, entre 1911 a 1915, e também cultor da poesia e da literatura. Desde fins do século XIX, Manuel de Arriaga era amante da Nazaré, aqui passando férias e dedicando-lhe alguns belos poemas. A Nazaré, por sua vez, recorda Manuel de Arriaga na sua toponímia – Praça Manuel de Arriaga.

Com a República, esta vila piscatória conhece alguns melhoramentos sócio-culturais, nomeadamente na educação, no teatro e na organização de actividades ligadas à cultura. Celebram-se as festas do “Dia da Árvore” e o espírito republicano reflecte-se em vários aspectos do quotidiano piscatório, incluindo nos registos de embarcações, cujas denominações evidenciavam a matriz política dos seus proprietários. Citam-se como exemplo as embarcações “Bernardino Machado”, “Guerra Junqueiro” e “António José d’Almeida” (1908), “Cerco Republicano” (1913), “Pinheiro Chagas” e “República” (1914).

Álvaro Laborinho, fotógrafo amador da Nazaré, foi também um republicano convicto, indo propositadamente a Lisboa para oferecer os seus préstimos a António José de Almeida.
Foi um dos intervenientes na fundação do Centro Republicano Português na Nazaré, sendo bastante participativo em várias actividades políticas e na organização de comícios republicanos.
Com o seu olhar fotográfico, registou assiduamente algumas das figuras e momentos emblemáticos vividos na Nazaré durante a época de implantação da República, como a fotografia seleccionada.


Consulte o dossier República. No âmbito das comemorações do Centenário da República, o Museu Dr. Joaquim Manso seleccionou algumas notícias da imprensa nacional constante do seu Centro de Documentação, onde são referidos acontecimentos ocorridos na Nazaré.
Visite a exposição "A implantação da República e a Nazaré", no Centro Cultural da Nazaré, entre 5 de Outubro e 7 de Novembro. Ler mais.

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